Quando despertei pela manhã
ainda meio sonolento, nesta quarta-feira de cinzas onde a cortina de poeira
sentava semelhante a de um campo de batalha após o caos, por de trás da
confusão da noite anterior de pensamentos tempestuosos igual ao clima que
insistia em entrar pela janela, tua lembrança me visitou em um sonho para me
acordar de forma sutil, diferente de sua beleza que me arrebata e faz disparar o
start de minhas emoções, pois sutil só o descerrar dos olhos.
Engraçado como tu entrou na
minha vida sem pedir autorização e foi preenchendo espaços como poeira na
dispensa abandonada de meus sentimentos, com um olhar baixo, profundo, obscuro
e cheio de desdém diante da minha presença invisível e opaca.
Sempre acompanhada parece não
frequentar a solidão parece blindada inalterada a dama de ferro sem coração
dilacerando por onde passa emoções.
No decorrer das horas sua imagem
se esvai como fumaça, na trincheira das minhas solidões. É quando percebo que
por mais que queira que o amor aconteça não depende de mim, nós vivemos em frequências
diferentes e não adianta que não sintoniza por agora, quem sabe em outra época
quando entrarmos na mesma frequência ou ainda pode ser que isso nunca aconteça.
Enquanto olhava para a TV
desligada mergulhado no nada vi que não é possível forçar o gostar, quantas
vezes ouço em coro os amigos a falar (Está só porque quer!), mas não trata-se
de querer e sim de sentir, preciso sentir e também que sintam o mesmo por mim,
era o que escrevia sobre a frequência e quão difícil é “frequenciar-se” no meio
desse monte de “desfrequenciados”.
J. Mário Cavalcante
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